Síndrome Hepatorrenal Online (Hepatorenal syndrome)
¨A síndrome hepatorrenal (SHR) é o desenvolvimento do quadro de insuficiência renal em pacientes com doença hepática crônica prévia sem evidências clínica ou laboratorial de nefropatia prévia. Atinge até 18% dos pacientes cirróticos com ascite em um ano, chegando a 39% em cinco anos, com uma sobrevida média em torno de duas semanas após estabelecido o quadro. O diagnóstico da SHR baseia-se em critérios clínicos e laboratoriais. Critérios diagnósticos do síndrome hepatorrenal (SHR): cirrose com ascite; creatinina sérica >1.5 mg/dL (persistente 2 dias apos suspensão de diuréticos e albumina); exclusão de choque, nefrotoxicos e doença renal parenquimatosa aguda. Seu aparecimento está relacionado ao mecanismo de formação de ascite, que envolve vasoconstrição e hipofluxo renal, retenção de água e sódio, aumento do volume plasmático, e conseqüentemente hiperfluxo no território esplâncnico. Mediadores vasoativos renais e humorais, como a endotelina 1, tromboxano A2 e leucotrienos, estão ainda envolvidos na gênese desta síndrome que culmina com insuficiência renal funcional. O tratamento preconizado da SHR pode ser farmacológico ou cirúrgico, sendo o transplante de fígado o único efetivo e permanente, com sobrevida de até 60% em quatro anos. Após melhora da função hepática, geralmente há a reversão da insuficiência renal. O diagnóstico precoce e a rápida terapêutica podem ampliar a expectativa de vida destes hepatopatas enquanto se aguarda o transplante hepático para seu tratamento definitivo. Classificação do SHR: tipo 1 (duplicação da creatinina inicial para >2.5 mg/dL em <2 semanas) e tipo 2 (agravamento mais lento e ligeiro da função renal). Recentemente, descreve-se ainda o SHR tipo 3, em doentes com SHR e patologia renal simultâneos. Sem tratamento, a sobrevida no SHR tipo 1 é de aproximadamente 2 semanas e no SHR tipo 2 seis meses. O tratamento do SHR baseia-se na reversão da doença hepática de base / no transplante hepático (transplantes de fígado-rim reservam-se para doentes em dialise ha mais de 8 semanas). No entanto, com a terapêutica atualmente disponível, pode haver reversão do SHR sem transplante hepático. O SHR tipo 1 trata-se com vasoconstritores (principalmente terlipressina; se doente em unidade de cuidados intensivos, a noradrenalina pode ser uma alternativa) e albumina. Espera-se reversão do SHR em aproximadamente metade dos doentes. Se a creatinina não diminuir e o doente tiver indicações clássicas para dialise, esta pode ser utilizada ate a recuperação hepatica / ao transplante. O tratamento do SHR tipo 2 consiste em paracenteses evacuadoras periodicas com albumina. Se ineficazes, podem-se usar vasoconstritores. Como a disfunção renal e ligeira, a dialise nao esta indicada. O tratamento dos doentes em que a recuperação hepática e/o transplante não são possíveis deve-se evitar futilidades.¨
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by Dr Paulo Fernando Leite
■ Cardiologia/Prevenção Cardiovascular
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