– A hidralazina atua sobre a musculatura da parede vascular (arteriolar), promovendo relaxamento muscular com consequente vasodilatação e redução da resistência vascular periférica. É um vasodilatador com ação direta. A potente redução na pós-carga evoca reflexos simpáticos, além de aumentar a liberação de renina.
– No campo da Cardiologia, indica-se a hidralazina no tratamento da hipertensão arterial, em associação com diuréticos e/ou betabloqueadores. A escolha da hidralazina no manejo da hipertensão foi amplamente substituída por novas drogas anti-hipertensivas, com perfis de efeitos colaterais mais aceitáveis. De acordo com o Oitavo Comitê Nacional Conjunto (JNC8), a hidralazina não é recomendada como terapia de primeira linha para hipertensão. No entanto, dado um perfil de efeitos colaterais extremamente desfavorável e várias alternativas disponíveis no mercado, a hidralazina deve ser geralmente evitada. Sua posologia tem como dose mínima 50 mg/dia e dose máxima 150 mg/dia, em 2 a 3 tomadas, associada a betabloqueadores e diuréticos. Na hipertensão resistente a hidralazina pode ser usada como quinta ou sexto fármaco, com bom efeito anti-hipertensivo.
– Ainda é amplamente utilizada em pacientes grávidas e pacientes com insuficiência cardíaca, especialmente em países em desenvolvimento, devido ao seu baixo custo. É indicada, combinada com nitrato oral, como alternativa à inibição do sistema de angiotensina. A adição de uma combinação de hidralazina-nitrato a uma terapia padrão em pacientes afro-americanos com insuficiência cardíaca e fração de ejeção reduzida mostrou reduzir a mortalidade em 43%, bem como o número de hospitalizações por insuficiência cardíaca e tempo de internação hospitalar. A intolerância a BRA e IECA pode ser presumida em pacientes que desenvolvem hipercalemia ou insuficiência renal em terapia com inibidores da ECA. Para pacientes que apresentam angioedema ou tosse com um inibidor da ECA, é apropriado mudar para um agente único de BRA. Antes de concluir que um paciente é intolerante ao inibidor da ECA ou à BRA devido à hipotensão, é importante excluir a depleção de volume (como pode ocorrer com diurese excessiva). Um paciente que desenvolve hipotensão com inibidor da ECA ou BRA, apesar do status euvolêmico, pode estar em risco de desenvolver hipotensão com a hidralazina mais terapia com nitrato.
– Em situações em que seu uso é necessário devido à indisponibilidade de outros agentes, intolerância ou ineficiência, é imperativo que o clínico monitore de perto os pacientes em uso de hidralazina a longo prazo/alta dose.
– Os efeitos colaterais da hidralazina são cefaleia, flushing, taquicardia reflexa e reação lupus-like (dose-dependente). O uso dessa medicação deve ser cuidadoso em pacientes com doença aterial coronariana (DAC) e deve ser evitado naqueles com aneurisma dissecante da aorta e episódio recente de hemorragia cerebral. Seu uso pode também acarretar anorexia, náusea, vômito e diarreia. A hidralazina não deve ser prescrita em monoterapia. A hidralazina pode reduzir a perfusão coronariana, por reduzir a pressão na aorta, precipitando um quadro de angina.
– O lúpus induzido por drogas (LID), associado ao uso de hidralazina, foi descrito pela primeira vez em 1953. A incidência de lúpus induzido por hidralazina é de 5-8%. Os sintomas típicos incluem artralgia, mialgia, febre, erupção cutânea, pleurite e leucopenia. A lesão renal é incomum, encontrada em 5-10% dos casos relatados. No entanto, casos demonstrando vasculite induzida por drogas (VID), limitada aos rins, associada ao uso de hidralazina, foram relatados na literatura a partir do início dos anos 80.
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■ Dr Paulo Fernando Leite
Cardiologia/Prevenção Cardiovascular
Estratificação de Risco Cardiovascular
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