¨A fascite necrótica perineal (Síndrome de Fournier) é infecção grave dos tecidos moles, de etiologia não totalmente esclarecida, porém associada a procedimentos urológicos, proctológicos ou ginecológicos, além de diabetes melito, alcoolismo, desnutrição grave e outros estados de imunodepressão. A gangrena de Fournier (GF) é uma doença infecciosa grave de partes moles, de rápida progressão, que acomete a região genital e áreas adjacentes, caracterizada por intensa destruição tissular, envolvendo o tecido subcutâneo e a fáscia. Também conhecida como gangrena escrotal, celulite necrosante sinérgica, gangrena sinérgica, gangrena idiopática e gangrena fulminante, trata-se de fascite necrotizante da região perineal. Quando não tratada precocemente pode evoluir para sepse e falência múltipla de órgãos. Assim, o diagnóstico precoce, juntamente com o tratamento adequado e agressivo são fatores determinantes no prognóstico do paciente. Ocorre predominantemente no sexo masculino, entre a terceira e a sexta décadas de vida, sendo comum a presença de comorbidades associadas como doenças renais e hepáticas, imunossupressão, síndrome da imunodeficiência humana adquirida (SIDA), doenças crônicas como diabetes mellitus (DM), desnutrição, entre outras. Apresenta altos índices de mortalidade, que variam de 13 a 30,8% no Brasil. Representa um problema de saúde pública, tendo em vista sua incidência, prevalência, mortalidade e os altos custos do tratamento e reabilitação Ela possui fisiopatologia caracterizada por endarterite obliterante, seguida de isquemia e trombose dos vasos subcutâneos, que resultam em necrose da pele e do tecido celular subcutâneo e adjacentes (tipicamente não causa necrose, mas pode invadir fáscia e músculo), tornando possível a entrada da flora normal da pele. À medida que ocorre disseminação de bactérias aeróbias e anaeróbias, a concentração de oxigênio nos tecidos é reduzida; com a hipóxia e a isquemia tecidual, o metabolismo fica prejudicado, provocando maior disseminação de microrganismos facultativos, que se beneficiam das fontes energéticas das células, formando gases (hidrogênio e nitrogênio) responsáveis pela crepitação, demonstrada nas primeiras 48 horas a 72 horas de infecção. Uma variedade de microrganismos tem sido encontrada em culturas de secreção da ferida e tecidos necróticos, apresentando flora mista na maioria dos casos, na qual podemos encontrar bactérias Gram negativas (Escherichia coli, Proteus mirabilis, Klebsiella sp, Pseudomonas, Bacteroides, Acinetobacter sp), bactérias Gram positivas (Estafilococos, Estreptococos, Enterococos, Clostridium) e fungos. Dados de séries contemporâneas indicam que a síndrome de Fournier tende a afetar pacientes entre a 2a e 6adécadas de vida, com comorbidades predisponentes, como: estados debilitantes (desnutrição, sepse) ou imunossupressores (diabetes mellitus, alcoolismo crônico, doença maligna subjacente, AIDS, sarampo, uso de quimioterápicos, leucemias), doenças colorretais e urogenitais, pós-operatório (com uso de instrumentação urológica, herniorrafia, hemorroidectomia, orquiectomia, prostatectomia), uso de drogas endovenosas e trauma (local, mecânico, técnico, químico, incluindo mordeduras, arranhões, intercurso anal e o próprio coito). A síndrome de Fournier é uma doença grave e que deve ser agressivamente tratada com desbridamentos e antibioticoterapia de amplo espectro. Geralmente causa perda de grande área de tecido, podendo espalhar-se para outras áreas além do períneo, como abdome, membros inferiores, dorso, tórax e retroperitônio. A perda da bolsa escrotal é uma situação frequente nessa doença. Apesar da reconhecida gravidade da Síndrome de Fournier, as medidas terapêuticas adotadas, como rápida intervenção, desbridamento precoce e antibioticoterapia de amplo espectro, juntamente com abordagem multidisciplinar, demonstraram-se bastante eficazes no controle da doença, permitindo reconstrução cirúrgica das áreas atingidas, com baixa mortalidade. A oxigenoterapia hiperbárica tem a sua eficácia no tratamento da Síndrome de Fournier demonstrada em vários estudos, uma vez que remove exudatos, promove a cobertura da ferida, estimula a angiogênese e reduz a contaminação bacteriana.¨

 

Perfil dos pacientes com gangrena de Fournier e sua evolução clínica. 

Dos-Santos, Djoney Rafael

Col. Bras. Cir., 2018, vol.45, no.1

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Relato de caso: tratamento da gangrena de Fournier na cintura escapular

Cardozo Filho, Nivaldo et al.

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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-36162018000400493&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

 

Fournier´s gangrene: literature review and clinical cases

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Case report: Fournier gangrene following circumcision

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Fournier´s gangrene: prospective study of 34 patients in South Indian population and treatment strategie

V S Sockkalingam, E Subburayan, E Velu et al

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Management of a young female patient with Fournier´s gangrene and Lemierre´s syndrome

Aslanidis T, Myrou A, Giannakou-Peftoulidou M.

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Clinical outcomes of Fournier’s gangrene from a tertiary hospital

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Fournier´s gangrene due to masturbation in a otherwise healthy male

J D Heiner, K D Eng, T A Bialowas, D Devita

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Síndrome de Fournier: 10 anos de avaliação.

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Retalho fasciocutâneo de região interna de coxa para reconstrução escrotal na síndrome de Fournier.

Mauro, Victor.

Rev. Bras. Cir. Plást., Dez 2011, vol.26, no.4, p.707-70

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Manejo da gangrena de Fournier: experiência de um hospital universitário de Curitiba

Mehl, Adriano Antonio et al.

Rev. Col. Bras. Cir., Dez 2010, vol.37, no.6, p.435-441

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Batista, Rodrigo Rocha et al. Síndrome de Fournier secundária a adenocarcinoma de próstata avançado: relato de casoRev bras. colo-proctol., Jun 2010, vol.30, no.2, p.228-231

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-98802010000200016&lng=en&nrm=iso

 

Síndrome de Fournier e câncer de testículo: apresentação de caso

M O Marra, A L da Silva, R R Toledo

Rev Med Minas Gerais 2008, vol 18.4: 287-289

http://rmmg.org/artigo/detalhes/506

 

by Dr Paulo Fernando Leite

Médico Cooperado Unimed BH – CRMMG: 7026

Cardiologia – Centro Médico Unimed BH

Belo Horizonte/Minas Gerais/Brasil

Email: pfleite1873@gmail.com