¨A síndrome compartimental abdominal (SCA) é uma grave complicação advinda do aumento extremo e sustentado da pressão intra-abdominal (PIA), responsável por significativa morbidade e mortalidade, podendo levar a manifestações clínicas neurológicas, cardiovasculares, pulmonares, renais, hepáticas e gastrointestinais adversas. O diagnóstico confiável de SCA deve ser realizado de acordo com os critérios preconizados pela World Society of the Abdominal Compartment Syndrome (WSACS), por meio da mensuração da pressão intravesical e, a escala utilizada, deve ser em milímetros de mercúrio (mmHg). A PIA considerada normal encontra-se no intervalo entre 0 mmHg e 12 mmHg, porém, em pacientes críticos, espera-se mantê-la entre 5 mmHg e 7 mmHg. A hipertensão intra-abdominal (HIA) é definida como um valor de PIA sustentado ou repetido ≥12 mmHg e, por fim, a SCA define-se como um valor de PIA sustentado ou repetido ≥20 mmHg com ou sem pressão de perfusão < 60mmHg, que está associada à disfunção ou falência de órgãos. O diagnóstico definitivo, embora possa ser sugerido clinicamente, é confirmado somente pela aferição da PIA, seja de forma direta ou indireta. Apesar da medida da pressão intraperitoneal realizada por vídeo-laparoscopia ser considerada o padrão ouro para mensurar a PIA, a aferição por via intravesical é um procedimento efetivo, simples, de baixo custo e largamente utilizado. A hipertensão abdominal está presente quando, à aferição, o paciente apresentar PIA sustentada ≥12mmHg. Ao atingir esse valor é imperativo que se classifique a HIA. As alterações orgânicas advindas da HIA e SCA têm grande potencial para causar falência múltipla de órgãos e, consequentemente, aumentar a morbimortalidade dos pacientes. Condutas de rastreamento e monitoramento de HIA diminuiriam os custos hospitalares e aumentariam a sobrevida dos pacientes. Para isso, é imprescindível que as indicações de monitoramento sejam conhecidas pelos profissionais, assim como o método correto de aferição e classificação da HIA, de modo a adotar a conduta correta para cada caso.
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■ by Dr Paulo Fernando Leite
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