Alguns pacientes com diagnóstico de câncer utilizam terapias alternativas. Na era da internet, as informações podem se dissipar de forma rápida e abrangente, como foi o caso da fosfoetanolamina no Brasil, onde foi aclamada pela população como sendo a “cura para o câncer”.Trata-se de um estudo transversal desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Através de e-mail e SMS, enviou-se um questionário com perguntas objetivas para oncologistas membros ativos da SBOC. Os dados foram avaliados por meio de estatística descritiva. A significância estatística entre as variáveis foi testada pelo teste Qui-quadrado de Pearson (p<0,05 foi considerado significativo).O questionário foi enviado para 1.072 oncologistas, tendo 398 (37,1%) respondido pelo menos parte dele. Cento e quinze (28,9%) tinham pacientes que fizeram uso da fosfoetanolamina. Desses, 14 (12,2%) observaram eventos adversos e quatro (3,5%) atribuíram benefício clínico para a substância. A maioria (n=331; 83,2%) acreditava que ela só deveria ser utilizada dentro de um ensaio clínico. A principal recomendação dada aos pacientes foi contra o seu uso (n=311; 78,1%). Oncologistas das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste tiveram mais pacientes que tomaram a substância quando comparados com as regiões Norte e Nordeste.Este é o primeiro estudo que avaliou a opinião dos oncologistas sobre essa terapia alternativa e sua experiência. A maioria dos oncologistas brasileiros não acredita que a fosfoetanolamina sintética seja ativa no tratamento do câncer, não recomendando seu uso sem avaliação adequada, e afirmam que a substância só deve estar disponível no contexto de ensaios clínicos
■ Uma “milagrosa” droga contra o câncer na era da mídia social: uma pesquisa sobre a opinião e a experiência dos oncologistas brasileiros com a fosfoetanolamina
Rêgo, Juliana Florinda M. et al
Rev. Assoc. Med. Bras 2017, vol.63, n.1, pp.70-77