¨A miocardite eosinofílica é uma doença rara e potencialmente letal, que se caracteriza pela infiltração do miocárdio por eosinófilos. A miocardite eosinofílica é uma patologia rara, sub-diagnosticada, e que pode ser letal se não for detectada e tratada a tempo. A associação entre a eosinofilia e a lesão miocárdica está bem estabelecida, podendo apresentar diversas etiologias, desde hipersensibilidade e doenças autoimunes até neoplasias e infeções. Em alguns casos a etiologia permanece desconhecida, denominando-se síndrome hipereosinofílica idiopática. As manifestações clínicas apresentam um amplo espectro, desde sintomatologia leve até sintomas graves como dor retroesternal, perturbações do ritmo, e morte súbita. A miocardite eosinofílica (ME) pode se apresentar de muitas formas diferentes, desde casos assintomáticos até condições de risco de vida, como choque cardiogênico ou morte súbita cardíaca devido a arritmias ventriculares malignas. A diversidade de cenários clínicos depende também da causa subjacente da eosinofilia. Antes do início da miocardite eosinofílica, aproximadamente dois terços dos pacientes apresentam sintomas do resfriado comum e um terço dos casos sofre de doenças alérgicas, como asma brônquica, rinite ou urticária. A manifestação de (ME), da mesma forma que em outros tipos de miocardite, pode ser na forma de dor torácica, dispneia, fadiga, palpitações ou síncope. A eosinofilia em amostras de sangue periférico está presente na grande maioria dos pacientes com ME e é muito útil no diagnóstico. Essencialmente, o achado de hipereosinofilia em um paciente com sintomas cardíacos sempre deve levantar grande suspeita de ME. No entanto, a eosinofilia periférica pode estar ausente no estágio inicial do EM e pode não se desenvolver durante o curso da doença em um pequeno subgrupo de indivíduos afetados. Marcadores inflamatórios, como níveis de proteína C reativa e taxa de sedimentação de eritrócitos, bem como níveis de marcadores de lesão miocárdica, como creatinoquinase ou troponinas, são frequentemente levantados na ME, mas sua ausência não exclui miocardite. Além disso, sua elevação não é específica para miocardite. Isso também se aplica a peptídeos natriuréticos cerebrais, citocinas circulantes, marcadores relacionados à degradação da matriz extracelular e novos biomarcadores, como pentraxina, galectina e fator de diferenciação de crescimento. O diagnóstico definitivo é realizado por meio da biópsia endomiocárdica. A ressonância magnética cardíaca é uma alternativa válida, identificando as principais alterações estruturais provocadas pela miocardite. O tratamento engloba a terapêutica neuro-humoral, o manejo das complicações cardíacas, e em casos selecionados a corticoterapia sistémica. Na fase aguda é importante a restrição da atividade física. Em doentes selecionados, particularmente os que apresentam suspeita de etiologia autoimune, o tratamento precoce com corticoides tem apresentado resultados favoráveis.¨
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by Dr Paulo Fernando Leite
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