– A hidralazina é um agente anti-hipertensivo eficaz, mas raramente pode apresentar efeitos hepatotóxicos devastadores extremamente variáveis, dificultando o diagnóstico. M Sharma e colaboradores relataram um caso de um paciente masculino de 74 anos de idade que apresentou testes de função hepática alteradas após ter iniciado a hidralazina por seu cardiologista por hipertensão mal controlada. Ele apresentava tontura, náusea e fraqueza, que desapareceram após a descontinuação da hidralazina, e os resultados dos testes de função hepática também melhoraram drasticamente. É imperativo que os médicos estejam cientes da possível hepatotoxicidade da hidralazina e de suas características clínicas, de modo que a medicação possa ser prontamente descontinuada para ajudar a promover a recuperação do fígado.

 

– A hidralazina é, como o minoxidil, um vasodilatador diretor para o tratamento da hipertensão arterial, incluindo hipertensão na gravides (associado a metildopa). Atua diretamente, relaxando a musculatura lisa arterial, levando a redução da resistência vascular periférica (RVP). A diminuição resultante na RVP induz a taquicardia reflexa (por isso devem ser evitados na doença coronária) e estimulaação cardíaca inotrópica. Os efeitos colaterais da hidralazina são cefaleia, flushing, taquicardia reflexa e reação lupus-like (dose-dependente). Seu uso pode também acarretar anorexia, náusea, vômito e diarreia. Sabe-se que a hidralazina causa síndrome semelhante ao lúpus e discrasias sangüíneas, mas também é pouco implicada em várias formas de lesão hepática aguda.

 

– A hidralazina é usada, quase que exclusivamente, como agente adicional em pacientes cuja pressão arterial é extremamente difícil de controlar com os antihipertensivos usados mas comumente. A posologia total diária varia de 50 a 200 mg, de preferência em 2 tomadas ao dia . De acordo com o JNC8, a hidralazina não é recomendada como terapia de primeira linha para o tratamento da hipertensão arterial. No entanto, ainda é amplamente utilizada em pacientes grávidas e pacientes com insuficiência cardíaca. A adição de uma combinação de hidralazina-nitrato a uma terapia padrão em pacientes afro-americanos com insuficiência cardíaca congestiva mostrou reduzir a mortalidade em 43%, bem como o número de hospitalizações por insuficiência cardíaca e tempo de internação hospitalar. No entanto, dado um perfil de efeitos colaterais extremamente desfavorável  e a existência de várias alternativas antihipertensivas nomercado, a hidralazina deve ser evitada. Em situações em que seu uso é necessário devido a indisponibilidade de outros fármacos, intolerância ou ineficiência, é imperativo que o clínico monitore de perto os pacientes em uso de hidralazina a longo prazo e/ou em altas doses.

 

A suspected case of hydralazine-induced hepatotoxicity: a case report and review of literature

Munish Sharma, Milkeesso Foge, Daniel Mascarenhas

Am J Case Rep. 2018; 19: 800–803

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6066965/

 

Eventos adversos associados à hidralazina: um relatório de dois casos de vasculite associada ao ANCA induzida por hidralazina

R Zuckerman, M Patel, E J Costanzo et al

Braz J Nephrol (J Bras. Nefrol.) 2018, vol 40 (2): 193-197

http://www.scielo.br/pdf/jbn/2018nahead/pt_2175-8239-jbn-3858.pdf

 

by Dr Paulo Fernando Leite

Cardiologia/Prevenção Cardiovascular

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