¨Esta terapia consiste na provocação de perdas dos sentidos seguida de convulsões, fazendo passar através da caixa craniana uma corrente elétrica aplicada durante um ou dois décimos de segundo, por meio de aparelhos que permitem dosear a intensidade da corrente e a duração da passagem elétrica. Desde a sua introdução, a eletroconvulsoterapia (eletrochoque –ECT) passou por inúmeros aperfeiçoamentos técnicos. Entre estes, inclui-se o relaxamento muscular (com succinilcolina), anestesia de curta ação, pré-oxigenação, uso de estímulo elétrico mais efetivo, posicionamento unilateral dos eletrodos e monitoramento mais completo da convulsão. Originalmente desenvolvida para o tratamento da esquizofrenia, a eletroconvulsoterapia (ECT) é o único tratamento biológico do século XIX que segue sendo empregado amplamente nos dias atuais. As indicações da ECT são: (1) depressão maior (episódio único ou recorrente); (2) transtorno afetivo bipolar (episódio depressivo, maníaco ou misto); (3) esquizofrenia não-crônica (especialmente quando sintomatologia afetiva ou catatônica é proeminente); (4) transtorno esquizoafetivo; (5) transtorno esquizofreniforme e algumas doenças clínicas, como síndrome neuroléptica maligna, doença de Parkinson, epilepsia e discinesia tardia. Alguns relatos apontam situações em que há um maior risco com o procedimento. Estas seriam: lesões intracranianas ou condições associadas a aumento da pressão intracraniana, história de acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio recente com descompensação cardíaca, hipertensão arterial sistêmica grave (principalmente se relacionadas a feocromocitoma), presença de fatores de risco para hemorragia intracraniana e qualquer condição associada a um escore de risco 4 ou 5 da American Society of Anesthesiologists (ASA).  Gravidez não consiste em contra-indicação. Vários relatos de caso sugerem que a ECT é um procedimento de baixo risco e alta eficácia para o tratamento de depressão em diferentes períodos da gestação (ASA). No que se refere à morbidade, os dados mais consistentes estimam que haja uma complicação para cada 1.400 procedimentos (ASA). Cita-se entre estas: laringo-espasmo, apnéia prolongada, convulsões prolongadas, danos dentários e insuficiência circulatória. Arritmias cardíacas são freqüentes durante a aplicação da ECT e no período pós-ictal imediato, mas, em sua maioria, são benignas e se resolvem sem tratamento. O efeito adverso mais importante da ECT consiste no déficit de memória, que apresenta-se como confusão pós-ictal, amnésia retrógrada e/ou anterógrada, ou, ainda, em uma minoria de pacientes, como um déficit de memória subjetivo de longa duração (difícil de detectar e quantificar objetivamente). De fato, as amnésias anterógrada e retrógrada costumam persistir por 1 a 6 meses após o término das sessões de ECT, e, em geral, a aquisição e retenção de novas memórias, assim como a memória de longo prazo, não sofrem prejuízo irreversível. Segundo pesquisadores a ECT é um método terapêutico eficaz e seguro, entretanto, ainda não totalmente reconhecido, descrito e aceito de forma uniforme¨

 

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■  Dr Paulo Fernando Leite

Cardiologia/Prevenção Cardiovascular

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