¨Aprovada em 1989 para o tratamento da esquizofrenia resistente ao tratamento, a clozapina é uma droga antipsicótica atípica de última linha, usada com frequência cada vez maior. Além do conhecido efeito colateral da agranulocitose, essa droga também acarreta risco cardiovascular adverso raro, porém grave, de miocardite. A clozapina – antipsicótico atípico destacado no tratamento de pacientes refratários – tem sido associada com baixa ocorrência de sintomas extrapiramidais, alteração de condução cardíaca, aumento de prolactina e síndrome neuroléptica maligna. Entretanto, podem ocorrer efeitos colaterais potencialmente fatais como agranulocitose.

 

Datta e Solomon, recentemente, apresentaram o caso de um paciente em uso de clozapina que foi internado no serviço de Cardiologia com dor torácica, elevação do segmento ST e troponina elevada sugerindo um quadro de infarto agudo do miocárdio. A avaliação com imagem revelou diminuição da função ventricular esquerda, no entanto, nenhuma doença arterial coronariana estava presente no cateterismo; achados consistentes com o diagnóstico de miocardite. A descontinuação subsequente da clozapina do paciente e o início da terapia médica de suporte breve resultaram em recuperação completa da função ventricular esquerda sistólica. Dado o risco potencial de mortalidade cardiovascular, é importante que os médicos dos serviços de Cardiologia que cuidam de pacientes psiquiátricos estejam cientes da apresentação dos sintomas, dos achados diagnósticos e do tratamento da miocardite induzida pela clozapina. Em revisões recentes, a incidência de miocardite associada à exposição à clozapina é de 3%. O desenvolvimento de miocardite como resultado da terapia com clozapina geralmente ocorre nas primeiras 2 a 8 semanas de tratamento. No momento do diagnóstico, a idade média dos pacientes foi relatada como 33,5 anos com dose média de clozapina 360 mg.

 

O tratamento da miocardite por clozapina é de suporte. A descontinuação da clozapina leva à recuperação funcional cardíaca com uma correlação direta no grau de comprometimento da função sistólica com o grau de recuperação. Médicos que tratam pacientes esquizofrênicos em uso de clozapina, devem manter um alto grau de suspeição se sinais ou sintomas de toxicidade cardíaca aparecerem.

 

Clozapine-induced myocarditis

Tanuka Datta, Allen J Solomon

Oxf Med Case Reports. 2018 Jan; 2018(1): omx080

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5761502/

 

Clozapine-induced myocarditis: recognizing a potentially fatal adverse reaction

J L Hatton, P K Bhat, S Gandhi

Tex Heart Inst J 2015, vol 42 (2): 155-157

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4382884/

 

Clozapine-induced myocarditis: Is mandatory monitoring warranted for its early recognition?

T A Munshi, D Volochniouk, T Hassan, N Mazhar

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Paciente psiquiátrico em uso de clozapina com febre e taquicardia

G C Fernandes, T Q Furian

Rev HCPA 2010, vol 30 (1)

http://seer.ufrgs.br/hcpa/article/viewFile/8979/7503

 

Cardiomiopatia em paciente tratada com clozapina.

De Boni, Raquel, Gama, Clarissa Severino and Lobato, Mari

Inês  Rev. Bras. Psiquiatr., Jun 2005, vol.27, no.2, p.164-164

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462005000200020&lng=pt&nrm=iso

 

Clozapine associated dilated cardiomyopathy

M A Tanner, W Culling

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Antipsychotic clozapine: myocarditis and cardiovascular toxicity

Wooltorton E.

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Myocarditis and cardiomyopathy associated with clozapine use in the United States

La Grenade L, Graham D, Trontell A.

N Engl J Med. 2001 Jul 19;345(3):224-5

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200107193450317

 

 

by Dr Paulo Fernando Leite

Cardiologia/Prevenção Cardiovascular

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